Planos, promessas e desafios…
Assim como salientei anteriormente, depois de entregar os projetos da apicultura e da agricultura orgânicas e o de saúde nos respetivos Ministérios, seguiram-se muitas reuniões na tentativa de apresentar e argumentar os benefícios da implantação dos mesmos para melhorar a qualidade da vida e o bem estar da comunidade timorense.
Um dos requisitos que pedimos ao Ministério da Agricultura, considerado o mais essencial para o desenvolvimento dos nossos projetos da apicultura e agricultura, foi um terreno com aproximadamente 3 hectares. Os diretores e os assessores do Ministério da Agricultura comunicaram-me que não tinham conhecimento sobre algum terreno existente que poderia ser-nos atribuído e aconselharam-me a procurar um terreno nos distritos que tinham as áreas propícias com o potencial para a exploração apícola.
Durante 2 anos de procuras incessantes em 3 distritos, com muitas contrariedades e peripécias, encontrámos um terreno com cerca de 6 hectares, pertencente ao Ministério da Agricultura de Gleno.
Depois de inúmeras reuniões, tanto com o director local deste ministério, bem como com o director regional, o director nacional e finalmente com o director geral do Ministério da Agricultura de Díli a conclusão final foi que não era possível a entrega de 2-3 hectares para o nosso projeto, porque o Ministério da Agricultura de Gleno tinha um projeto de horticultura que estava para começar, segundo a informação deles, muito em breve. Já passaram dois anos e o respetivo terreno, na integra: 6 hectares, continua cheio de ervas daninhas, sem ser cultivado nenhum palmo de terra sequer…
Muito triste e decepcionado cheguei à conclusão que o ditado português que diz: “Nem fazem, nem deixam os outros fazer“ aplica-se tão bem a esta situação.
Uma das propostas do contrato de colaboração que apresentámos aos representantes do Ministério de Agricultura visava o financiamento integral deste projeto, por parte do governo timorense, e a formação teórica/prática da apicultura e da agricultura orgânicas seria oferecida gratuitamente pela nossa Fundação, através dos nossos colaboradores.
Passados 2 anos em reuniões, onde recebemos tantas promessas e incentivos de ajuda e colaboração, fomos informados que o nosso projeto foi apresentado no Conselho de Ministros do governo de Timor Leste e que chegaram à conclusão que o mesmo não era uma prioridade para o governo timorense e não estavam interessados na realização do mesmo.
Há dois anos e meio atrás fomos visitados por uns amigos da Austrália, Anda e Luke, que são os nossos parceiros mais próximos, e, ao falarmos sobre as necessidades deste povo, chegámos à conclusão que se queríamos ver este projeto a realizar-se deveríamos suportar todos os custos inerentes à compra de um terreno e outros gastos que seriam necessários para a execução de cada etapa deste plano tão maravilhoso e ao mesmo tempo tão desafiador.
Estávamos conscientes que os nossos recursos são limitados e que a dimensão deste projeto era realmente grande e que ultrapassava as nossas possibilidades financeiras, contudo confiantes, também, que o mesmo Deus que tinha colocado nos nossos corações o desejo de fazer este projeto haveria de providenciar os recursos necessários para concretizar cada fase do mesmo, pois acreditávamos que Ele, sendo o Dono absoluto de todos os recursos tanto da Terra como do vasto Universo, não tinha nenhuma dificuldade em arranjar “algumas moedas de troco“ para tornar este sonho uma realidade.